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Formação de cidadãos motiva projeto em escola de Minas Gerais

Criado: Terça, 14 Junho 2016 02:51 | Publicado: Terça, 14 Junho 2016 02:51 | Acessos: 4688

Ao observar que os alunos matriculados na educação de jovens e adultos (EJA) mostravam desânimo e insegurança quanto à possibilidade de concluir o curso, a professora Márcia Moreira Lourenço Vidal, que leciona inglês e português na Escola Estadual Professora Francisca Pereira Rodrigues, em Piraúba, Minas Gerais, percebeu que era hora de mudar a maneira de agir e ir ao encontro dos estudantes. “Procuramos entrar em suas vidas e saber quais as necessidades”, diz a professora.

Assim, na busca de um ensino mais humano, surgiu o projeto Solidariedade e Cidadania em EJA, desenvolvido ao longo dos anos letivos de 2014 e 2015. De acordo com Márcia, a motivação era a de formar alunos cidadãos, participativos, capazes de se movimentar em busca de sonhos e objetivos. “Queremos incentivá-los a ser pessoas atuantes, que façam a diferença na sociedade em que vivemos”, explica.

No primeiro contato, em uma roda de conversa, os estudantes, com idades de 15 a 70 anos, receberam explicações sobre o trabalho que seria feito. Depois, em uma segunda etapa, foram apresentadas sugestões de atividades. “Foram levadas em conta ideias trazidas pelos alunos, selecionadas de comum acordo”, diz Márcia. Posteriormente, a escola fez parcerias com a prefeitura e outros órgãos e entidades para a realização de oficinas, palestras e minicursos. Paz, meio ambiente, sustentabilidade, motivação, comportamento em sociedade, valores éticos, drogas, família e resgate de nossa cultura foram alguns dos temas abordados.

Método — A professora explica que saber lidar com as diferenças é um fator importante do Método Paulo Freire, exercitado a cada passo do projeto. “Valorizamos a experiência de cada um.” Segundo Márcia, cada aluno deu sua contribuição e todos puderam aprender uns com os outros nas rodas de conversa, nas oficinas, nos seminários e nas palestras.

Os encontros, pelo menos uma vez por mês, no auditório da escola, eram realizados nos dois últimos períodos (quarto e quinto horários) das aulas noturnas. Os dias da semana eram alternados para evitar interferência no horário de apenas uma disciplina.

A experiência mostrou, de acordo com a professora, que os alunos da educação de jovens e adultos estão aprendendo a ser praticantes da solidariedade e da cidadania, a aproveitar as oportunidades e a melhorar seu modo de viver e de suas famílias. “Pudemos enxergar novas possibilidades em suas vidas”, destaca. Na visão de Márcia, a maioria dos estudantes quer mudar, crescer e expandir os conhecimentos. “Bastou oferecermos a eles uma dose de coragem, de dedicação e amor e olhar para eles de forma diferente”, diz. “A EJA tem hoje um novo olhar, os alunos participam, dão sugestões; houve um amadurecimento gradativo em suas personalidades. Resgatamos os sonhos e a autoestima dos estudantes.”

Premiação — O projeto Solidariedade e Cidadania em EJA recebeu menção honrosa em premiação da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação, a Medalha Paulo Freire de 2016. Para Márcia, isso tem um significado especial. “Mostra o reconhecimento de uma educação de qualidade em nossa escola e em nossa cidade”. Em 2013, a professora recebeu a medalha pelo projeto Economia Solidária em EJA.

Com graduação em letras e pós-graduação em docência superior, Márcia está no magistério há 24 anos. Ela leciona nos três turnos e, além de alunos da educação de jovens e adultos, atende turmas de ensino fundamental e médio.

Motivação — O diretor da escola, Marzolini dos Santos Borges, entende que trabalhar com projetos na educação de jovens e adultos é um caminho interessante. “Cria uma motivação a mais para a frequência e permanência do aluno na escola e possibilita o conhecimento de vários aspectos culturais e sociais”, afirma.

Marzolini revela que os planos para 2016 incluem a manutenção dos projetos específicos para as turmas da educação de jovens e adultos, além da criação de um projeto de leitura que envolva toda a escola. “Estamos estudando a possibilidade de fazer um projeto sobre desenvolvimento sustentável devido à vasta zona rural que temos”, diz. Nesse projeto, segundo Márcia, será possível explorar o cultivo de frutas e oferecer um destino lucrativo e sustentável, com respeito ao próximo e ao meio ambiente.

Fátima Schenini

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